BREVE
REFLEXÃO SOBRE O DÍZIMO
A primeira menção sobre dízimo nas escrituras acontece em Gênesis 14 quando Abraão volta da matança dos reis e dá o dízimo de todo o despojo recuperado na batalha que se envolveu para salvar seu sobrinho Ló, juntamente com sua família. E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti. Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra, Jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; Salvo tão-somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte. Gênesis 14:17-24.
A primeira menção sobre dízimo nas escrituras acontece em Gênesis 14 quando Abraão volta da matança dos reis e dá o dízimo de todo o despojo recuperado na batalha que se envolveu para salvar seu sobrinho Ló, juntamente com sua família. E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti. Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra, Jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; Salvo tão-somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte. Gênesis 14:17-24.
É necessário ler quase todo o capítulo
para perceber certos detalhes como:
1.
Abraão recusa ficar com os despojos que lhe é oferecido porque não aceita a
ideia que seu enriquecimento seja atribuído à outra fonte que não o Senhor.
2.
Mesmo recusando sua parte, retira o dízimo e oferta ao Senhor entregando a
oferenda ao sacerdote Melquisedeque, dando a entender com essa atitude que praticava
esse tipo de oferta em seu cotidiano de vida.
3.
Em nenhum momento há uma exigência divina com referência a dízimo, portanto,
pode-se concluir que: contribuir com dízimo era uma proposta de Abraão e não de
Deus e que o fazia por agradecimento a bênçãos recebidas afinal já estava bem
de vida a ponto de recusar os riquíssimos despojos da batalha.
4.
Além do dízimo pede a parte de seus confederados que participaram da batalha Aner, Escol e Manre, pois reconhecia o
direito dos amigos e confederados a parte do prêmio.
5. Dízimo não "pertence" a lei como
muitos afirmam. Com certeza é anterior a lei e nesse caso é dado por fé.
Com isso podemos concluir que dar Dízimo
não foi ideia divina, mas sim, humana. Não partiu de Deus, mas sim de Abraão.
Podemos entender também que foi um ato de fé e agradecimento de um homem que
foi reconhecido como o pai da fé, do qual somos filhos por fé. Portanto, é pela fé, para que seja
segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não
somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai
de todos nós, Romanos 4:16.
A segunda menção sobre dízimo encontramos
em Gênesis 28, quando Jacó, após ter o sonho da escada que tocava os céus, faz
um acordo com Deus comprometendo-se a dar o dízimo de tudo desde que Deus lhe
suprisse em suas necessidades e lhe levasse e trouxesse de volta em paz. E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for
comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes
para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus; E
esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me
deres, certamente te darei o dízimo. Gênesis 28:20-22.
Será necessário ler grande parte das
escrituras (por isso não copiarei aqui) para verificar que:
1.
Deus cumpriu integralmente sua parte no acordo levando-o e trazendo de volta em
paz, lhe suprindo de tudo, lhe dando uma família numerosa, mudando seu nome
para Israel e acrescentando a salvação que é mais importante. E chamou Jacó o nome daquele lugar
Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.
Gênesis 32:30.
2.
Uma vez cumprido sua parte do acordo Deus então se viu no direito de cobrar de
Jacó e seus descendentes sua parte no voto, ou seja, o dízimo do dinheiro e dos
filhos (porque estavam inclusos no acordo).
3.
10% dos filhos inclui a tribo de Levi inteirinha mais 0,2% de elementos de
outras tribos, escolhidos por Deus através da história de Israel e o dízimo de
toda a produção em bens e dinheiro de toda a nação em todos os tempos (porque o
voto não tem limite de tempo). Esses bens e dinheiro seriam administrados pela
tribo de Levi que agora estaria a seu serviço.
4.
Uma vez que era um acordo e a parte divina foi cumprida, foi inserida em lei, o
cumprimento do acordo por toda a nação, que descendesse de Jacó/Israel ou
qualquer estrangeiro que se agregasse voluntariamente a nação e cumprisse as
exigências da lei.
Podemos entender a partir desse acordo que
a proposta (mais uma vez) não veio de Deus, mas sim do homem, Jacó depois chamado
Israel, e, que foi inserido na lei e exigido seu cumprimento apenas para seus descendentes,
portanto o aparecimento da palavra dízimo proliferou em todo o velho testamento
disciplinando a coleta e sua aplicação entre as tribos hebraicas por milênios. Concluímos
então que a partir de Abraão e Jacó/Israel aparecem dois tipos de contribuição
denominada Dízimo, uma ofertada por fé e agradecimento e outra por lei, baseada
em um acordo feito entre Israel e Deus. Considerando que não pertencemos ao
povo de Israel a contribuição imposta não nos interessa. O que nos interessa é
a contribuição do dízimo pela fé porque Abraão é pai da fé e nós filhos de
Abraão. Sabei, pois, que os que são da fé
são filhos de Abraão. Gálatas3:7.
Por
fim vemos em Hebreus que Jesus é sacerdote eterno pela ordem de Melquesedeque e
que assim como nosso pai Abraão deu dízimos a Melquesedeque podemos ofertar
dízimos pela fé e agradecimento a Jesus Cristo para ser administrado por ele
através de seus representantes na terra, ou seja, sua igreja. Porque este Melquisedeque, que era rei
de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando
ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; A quem também Abraão deu o
dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois
também rei de Salém, que é rei de paz; Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não
tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de
Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este,
a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os
filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo
do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão.
Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão,
e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é
abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali,
porém, aquele de quem se testifica que vive. Hebreus 7:1-8.
Cabe lembrar também que a igreja primitiva
teve autonomia para receber outros tipos de ofertas voluntárias como:
1.
100% de tudo. Não dez por cento, mas sim tudo o que tinham. É lógico que nesse
caso é impossível a prática do dízimo pois nem sobra nada para dizimar: Não havia, pois, entre eles necessitado
algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o
preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se
a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha. Então José, cognominado
pelos apóstolos Barnabé (que, traduzido, é Filho da consolação), levita,
natural de Chipre, Possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o
depositou aos pés dos apóstolos. Atos 4:34-37.
2. Oferta alçada para emergências:
2. Oferta alçada para emergências:
E, levantando-se um
deles, por nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande
fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. E os
discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos
irmãos que habitavam na Judéia. Atos 11:28,29.
Porque pareceu bem à
macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que
estão em Jerusalém. Romanos 15:26.
Podemos verificar biblicamente na igreja
do novo testamento a legitimidade do uso das antigas ofertas voluntárias, do
dízimo, de ofertas alçadas para emergências e até ofertas de 100% de tudo que o
ofertante tinha, portanto, qualquer dessas ofertas podem ser praticadas hoje
sem conflitos com textos bíblicos. A questão que fica é a seguinte: a igreja
pode transformar a prática do dízimo em regra? Sim ou não? Sim. A partir da
convenção feita na igreja sede em Jerusalém em uma parceria entre o Espírito
Santo e a Igreja Primitiva para resolver a questão da circuncisão (ou não) para
os gentios, registrada no livro de Atos onde se estabelecem novas regras e
determinações para a igreja de Antioquia e demais igrejas, podemos inferir, que
existe a possibilidade da igreja em convenções e/ou assembleias estabelecer
regras que não entrem em desacordo com a bíblia, portanto é legitimo a igreja
se reunir e de comum acordo estabelecer o uso desse tipo de oferta dentro dos
parâmetros bíblicos. Enviamos,
portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas
coisas. Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais
encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das
quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá. Tendo eles então se
despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta.
Atos 15:27-30.
O que não podemos legitimar é a pressão
psicológica para ofertar, o toma-la-dá-cá, a troca com Deus como se fora uma
aplicação, a baixaria de intitular crentes como ladrões (porque não estamos
debaixo do voto de Jacó) ou até mesmo a violência de dizer que não dizimar
implica na salvação eterna, porque dinheiro nenhum pode impedir o poder do sangue
de Jesus derramado na cruz do Calvário de nos proporcionar salvação eterna. E respondeu-me, dizendo: Esta é a
palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas
sim pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. Zacarias4:6. Cada um contribua segundo propôs no seu
coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria. 2 Coríntios 9:7. Também não
podemos legitimar a avareza, ou seja, não contribuir de forma nenhuma, não
investir, não dar frutos por que Deus é contrário a essa ideia... E disse-lhes: Acautelai-vos e
guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do
que possui.Lucas 12:15. Mas a fornicação, e toda a impureza ou
avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; Efésios 5:3.
Por fim entendo que, baseado nesta
reflexão igrejas que não convencionaram o uso do dízimo não devem ser
questionadas e igrejas que convencionaram a utilização desse tipo de oferta
também não devem ser questionadas, até porque seria recalcitrar contra os
aguilhões e lutar uma batalha perdida no nascedouro, pois se Deus permite quem
somos nós para reprovar. Outrossim não vivo do dinheiro da igreja pois sou
aposentado da rede pública estadual de ensino e tenho por hábito contribuir com
ofertas voluntárias cotidianas, com dízimos por fé e gratidão a Deus e ofertas
alçadas para emergências, porque quando não crente gastava 90% de tudo que
tinha na súcia, na gandaia, na boêmia, nas baladas e aproveitava 10%. Hoje se
eu der 10%, 20%, 30% até 90%, para a obra de Deus, ainda estou no lucro pois
com a benção de Deus tenho uma família abençoada e bens para viver em paz, além
do que o dinheiro é meu e faço o que quiser com ele (risos). Joao Xavier...
Pastor da Assembleia de Deus e Professor Aposentado.
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