quarta-feira, 23 de maio de 2012

TESTEMUNHO - CAPÍTULO 10


CAPÍTULO 10

EXPULSÃO DOS DEMÔNIOS

- Minha filha. Não saia por aí namorando qualquer um. O mundo da iniqüidade e do pecado é como um lixão espiritual, nunca faça como um mendigo, ciscando o lixo em busca de alguma coisa boa, porque não vai achar. Espere no Senhor. Ele vai preparar a pessoa certa para você. Peça a Ele que Ele vai atender seu pedido.

Sua mãe lhe orientara assim e durante anos ela seguira os conselhos dela, agora Deus lhe apresentava uma novidade que marcou sua vida para sempre. Um jovem rolou endemoninhado na igreja e ela pode ouvir a voz do Espírito de Deus falando suavemente:

- Esse é seu futuro esposo, o homem que eu escolhi para você.

- Jesus! – ela exclamou assustada. Esse... Endemoninhado?...

Era assustador, era algo totalmente inesperado, era inusitado, Deus é rico em surpresas e mistérios. Apresentar um futuro noivo naquelas condições, sem que uma das partes tivesse ciência desse fato é algo realmente impressionante.

- Eu lhe pedi um homem de Deus, um pregador do evangelho, uma pessoa que eu pudesse viver junto, viajar junto, pregar junto... E o Senhor me manda um endemoninhado, eu estou confusa...

Ela creu, estava meio aturdida, mas creu, sabia que um dia Deus lhe concederia essa dádiva, segundo sua promessa. O outro lado, o futuro cônjuge, no caso eu, não sabia de nada a princípio, mas o importante é que ganhei uma amiga desde o início de minha entrada na igreja e na fé, amiga essa que no futuro se tornaria minha esposa. Essa amiga seria um bálsamo, uma ajuda em uma carreira cristã que começava de forma bastante tumultuada. Seria uma ajuda importante na luta contra demônios, pois em pouco tempo poucos acreditariam em minha sanidade mental. Ela seria algo como um Simão Cirineu me ajudando a carregar minha cruz.

Quando passamos por momentos extremamente difíceis, refletimos muito, e a história da nossa vida desfila diante de nossos olhos, com lembranças de uma sucessão de fatos, que culminariam em diversas possibilidades diferentes, se as atitudes tomadas no passado fossem direcionadas para outro caminho. Minha postura tinha me encaminhado para uma situação, que estava fora de controle e eu sabia que era culpado.

Havia enveredado pelas noites buscando os prazeres da carne. Conheci a vida noturna e todos os prazeres, que as cidades litorâneas nos proporcionam. Conheci bares, boates, prostíbulos, restaurantes dançantes, pagodes de beira de praia. Tive experiências com mulheres, álcool, drogas, amigos, inimigos, brigas, garrafadas, tiros, etc. Todas essas coisas faziam parte de meu mundo e por incrível que possa parecer eu gostava de tudo aquilo. Gostava da vida noturna do litoral, da Capital, do interior, do Sul de Minas e a cada passo que dava em direção da noite, novas experiências apareciam, me mantendo ligado a esta vida libertina e só com o decorrer dos anos é que fui percebendo que essa sucessão de novidades, que somente satisfaziam os desejos e concupiscências da carne, me mantinha cativo a uma situação, que não me satisfazia integralmente, porém me impedia de buscar algo mais substancial para a alma, e a sensação de vazio interior, havia me levado a soluções extremas, na busca de preencher o vazio.

Em meio a tudo isso, procurei a figura divina, porém com um pouco de incredulidade e outro tanto de soberba, fui longe demais e tinha criado uma situação que escapava totalmente ao meu controle, uma situação que me obrigava a me prostrar, humilhar, clamar misericórdia e pedir a graça e os favores divinos, que nos alcança através do sacrifício de Cristo no Calvário. Esse era meu momento crítico, mas por outro lado era o momento culminante, de minha aproximação e meu encontro com Deus. Agora eu estava pronto. Pronto para me humilhar, me reconhecer um pecador necessitado de socorro, perdão e salvação.

“Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua louvará a Deus” (Rm 14.11). Estava na hora de se cumprir em minha vida, esse versículo das escrituras. Nesse momento de agonia e tribulação, percebi claramente que tudo deveria começar pela humilhação e em meu lugar secreto prostrei-me diante d’Aquele que poderia libertar minha alma e me prover da salvação eterna e orei, confessei meus pecados, transgressões e iniqüidades e tudo o que pude lembrar naquele momento de coisas desagradáveis a Deus. Com o rosto no pó eu orei, confessei, pedi misericórdia e socorro, tudo baseado nas informações que havia adquirido lendo as escrituras. Orava com uma intensidade tal, como nunca havia acontecido e no fim da oração proferi as seguintes palavras:

- Senhor, tua palavra diz que tu és um Deus de misericórdia, bondade e benignidade, e agora eu creio, portanto, quando aquele demônio vier sobre mim para me possuir, vou recusar sua entrada e expulsá-lo em nome de Jesus Cristo, seu filho. Se o Senhor impedir a possessão maligna, repreender, e expulsar o espírito imundo, saberei, que fui perdoado e que o Senhor ouviu e atendeu minha oração, então entregarei minha vida para ti definitivamente e cumprirei minha parte de nosso trato.

Estava feito, consumado, oficializado. A bíblia diz que “... se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo; pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10.9,10). Eu havia executado mais um dos versículos que havia aprendido, só faltava verificar na prática se eu era um salvo, que deixara de pertencer ao reino das trevas e das possessões das entidades malignas, para ser propriedade de Jesus Cristo comprado por um preço de sangue. A bíblia afirma que nascemos criatura de Deus e que só Jesus pode nos transformar em filhos[1], que recebemos o Espírito do pai que clama dentro de nós, pois agora eu saberia realmente se tudo aquilo seria consumado em minha vida.

O espírito imundo me possuía normalmente de baixo para cima. Pode ser que não seja um padrão, mas comigo era assim. Sentia um formigamento que subia progressivamente pelos membros inferiores, abdome, tronco, membros superiores, pescoço, cabeça. À medida que o formigamento subia, perdia o controle daquela parte do corpo, até que toda a minha consciência fosse tomada e apagada, de forma que eu não conseguia me lembrar de tudo o que a entidade havia feito nesse ínterim. Era usado, possuído, dominado.

Mais uma vez a história iria se repetir, só que desta vez teria um final diferente. Era uma tarde e estava em minha casa, quando senti a presença maligna, não podia vê-lo, mas sentia sua presença e muito mais comecei a sentir o formigamento sintomático de que mais uma possessão estava por acontecer. Fui sentindo o formigamento subir e fui perdendo o controle das pernas, abdome, tronco, braços... E antes de tudo se consumar decretei:

- Espírito imundo, em nome de Jesus, SAAAAAAIIIIIIIIII!!!!!!!

Foi um grito, uma imposição, uma ordem de despejo, “um cartão vermelho”, o primeiro de muitos, porque na vida cristã, volta e meia precisamos repetir essa ordem. Somos um templo, uma casa, um santuário preparado para morada do Espírito Santo. Em algum momento, em algum desses templos um espírito imundo “sem teto”, vem habitar a revelia do proprietário e somente pelo poder do Senhor nosso Deus, podemos decretar uma ordem de despejo que altere essa situação.

Ele reagiu, meu corpo pulava, algo estranho estava acontecendo, eu podia sentir sua fúria, mas também pude ver, uma mão enorme, gigantesca, descendo, vindo sobre minha casa, sobre nós, passando através da matéria, do telhado, das paredes, do meu corpo. Nada era sólido para aquela gigantesca mão, exceto o demônio. Foi uma pancada. Ele deu um berro e foi arrancado violentamente. Literalmente “arrancado”. Saiu à força. Foi uma coisa impressionante, coisa tremenda, inesquecível. Eu estava livre[2]. Fui aceito, na prática estava acontecendo, o que havia sido escrito. Estava sendo liberto. Ele pagou meu preço agora estava dando meu resgate. Agora eu estava livre, mudei de lado, deixei de pertencer ao Diabo (ainda que nem tivesse consciência disso), passei a pertencer a Jesus Cristo. Ele me salvou, tomou minhas dores, lutou minha luta, fez o milagre, me libertou.

Estava muito contente. Meu contentamento explodiu pela casa. Agora eu não somente conhecia o poder das trevas, conhecia também o poder da luz. Agora tinha minha grande e marcante experiência com Cristo, agora eu era servo de Jesus Cristo, eu era um salvo. Não tinha idéia ainda do que era nascer de novo, ter o Espírito de Deus habitando em mim, morrer para o mundo da iniqüidade e do pecado e ressuscitar para Deus, mas com certeza comecei sentir essa alegria a partir daquele momento, pois algo novo e celestial invadia meu ser. Era uma experiência nova e incrível.



[1] Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome. Jo 1. 12.
[2] Baseado nas escrituras e em minha experiência pessoal afirmo que um demônio é expelido pelo poder de Deus de forma única e definitiva, portanto episódios representativos em que demônios saem e voltam em uma sucessão de vai e vem indefinido é pura fantasia ou puro show. Segundo Jesus, se um demônio sair e algum tempo depois voltar e encontrar a casa vazia a situação do possesso ficará oito vezes pior que antes, isso sim pode acontecer.
E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má. Mt 12. 43 – 45.

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