CAPÍTULO 11
O BATISMO
- Irmãos – eu disse já com
o microfone nas mãos. Até hoje eu fumei, mas a partir de agora não fumo mais...
E coloquei o maço de
cigarros em cima do púlpito.
- Bebi “muuuiiito”! Mas a
partir de hoje não bebo mais, me droguei, freqüentei boates, vivi em transgressões,
iniqüidades e pecados, mas a partir de hoje não faço mais, vou mudar de vida,
vou seguir os passos de Jesus, porém quero que a igreja me permita ser batizado
amanhã.
Um batismo estava
programado pela igreja, seria no terceiro dia após esses acontecimentos. Estava
tão eufórico que decidi fazer parte dele. Orei mais uma vez pedindo a Deus que
abrisse as portas e fui falar com o pastor. Ele fez as perguntas de praxe e
logo entendeu que eu havia tomado uma séria decisão e tinha um compromisso com
Cristo e que pretendia ser batizado. Informei a ele que eu bebia, fumava,
freqüentava boates e etc., mas que a partir do momento em que fui liberto dos
espíritos imundos, havia deixado tudo, e queria ser batizado imediatamente. Ele
me conscientizou que aquela não era uma prática da Igreja Evangélica Assembléia
de Deus, mas faria uma assembléia extraordinária com a igreja após o culto,
para decidir a possibilidade de meu batismo, pois meu caso era extremamente
complicado para que ele decidisse sozinho, então necessitava da aprovação de
todos os membros, afirmou que a igreja era soberana para decidir um caso como
este. Esperei pacientemente até o final do culto e fui encaminhado à frente
para contar meu propósito e ouvir o veredicto da igreja.
O pastor pediu a aprovação
da igreja logo após minhas palavras e nesse momento pude perceber todas as mãos
unanimemente levantadas, para aprovar minha inclusão no batismo do dia
seguinte. O dia seguinte era primeiro de maio de 1982 e lá estava eu descendo
as águas batismais. No dia seguinte completou três meses que eu havia feito a
proposta com Deus. Ele havia cumprido sua parte, eu agora fazia parte da igreja
espiritual e mística de Cristo, mas também me tornara membro da Igreja local, a
igreja de meu pai, a Igreja Assembléia de Deus de Caraguatatuba onde começou minha
carreira cristã.
Agora restava saber o que
viria depois e não demorou muito para que eu descobrisse. Eu provei a Deus, conheci
as trevas, o poder de Deus e conheci Cristo. Achei que tudo estava resolvido,
mas não estava, agora ele começaria um processo de limpeza, agora teria que
passar pelo deserto, pelo mar, pelo fogo. Provei Deus, agora seria provado. O
vaso não estava perfeito, portanto seria quebrado para ser triturado e
preparado um vaso novo, depois seria aquecido e adornado. Eu havia conhecido o
Pai, o Filho, agora estava para conhecer o Espírito Santo. O que eu imaginava
ser um fim foi apenas um começo. Eu jamais poderia supor ou imaginar que
momentos desconcertantes estavam preparados para minha vida, a partir do
momento em que me sentia dentro do corpo de Cristo que é a sua igreja. Meu fim
como pecador havia chegado de forma dramática, agora eu teria o tratamento
reservado aos filhos e para os filhos está escrito: “E já vos esquecestes da
exortação que vos admoesta como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção
do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor
corrige ao que ama, e açoita a todo o que
recebe por filho. É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a
filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina,
da qual todos se têm tornado participantes, sois então bastardos, e não filhos.
Além disto, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e os
olhávamos com respeito; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, e
viveremos? Pois aqueles por pouco tempo nos corrigiam como bem lhes parecia,
mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. Na
verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza;
mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido
exercitados” (Hb 12.5-11). Como se pode verificar pela palavra de Deus, a
correção pode por um momento não ser um motivo de gozo, porém de tristeza... E
estava para viver mais alguns duros versículos da palavra de Deus em minha
vida.
Prometer deixar de fumar,
de beber, de usar drogas, de andar na balada, é fácil. Cumprir o que se promete
é difícil, muito difícil. Quantas noites acordei chorando, ou suando, ou em
desespero devido a sonhos, pesadelos e opressões malignas, relacionadas ao
desejo de voltar a fazer o que fazia antes. Quantas noites passei sem dormir
tentando dominar uma parte poderosa de meus instintos que me impulsionavam no
caminho de volta aos prazeres da carne. Quantas noite lutei em jejum e oração
para reunir forças suficientes para continuar na presença do Senhor. Quantas
vezes falhei interiormente e busquei o perdão e o socorro do Senhor. Quantas
vezes exteriorizei minhas falhas e obtive o perdão pelo poder do sangue derramado
na cruz. Quantas batalhas perdi, para vencer progressivamente essa guerra.
Quantas batalhas venci para solidificar minha vida nessa rocha chamada Jesus.
Período difícil, cheio de derrotas, de vitórias, mas o que importa não é
quantas batalhas se vence ou perde, mas o que importa é nunca desistir porque
ele garante a vitória final nesta guerra espiritual, como está escrito: ”Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor
Jesus Cristo”. I Co 15. 57.
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