CAPÍTULO 12
INSISTÊNCIA DOS DEMÔNIOS
- Eunice, sinto muito, mas
Deus falou comigo e disse você não era a pessoa escolhida para casar, por isso
nosso noivado está desfeito.
- O que????!!!!!! – ela
estava surpresa e indignada.
- A voz poderosa de Deus
falou comigo e deixou bem claro, que você não é a pessoa certa, apesar de todas
as evidências e possibilidades.
- Não foi Deus quem falou
com você, foi o Diabo! – a convicção dela me surpreendeu e ao mesmo tempo me irritou.
- Quer dizer que você acha
que não consigo identificar a voz de Deus quando ouço? – a conversa estava tomando
um rumo inesperado.
- Sim! - agora quem estava indignado era eu, “que
droga!”, ela achava que eu não conseguia identificar a voz de Deus. Quem ela
pensava ser? Ainda que ela tivesse anos de vida cristã e eu, um neófito, não
era tão ingênuo assim.
Nossa conversa não foi
muito longe porque fiquei ofendido. Onde já se viu dizer que não consigo
identificar a voz de Deus. É verdade que estava sobre intensa opressão. O
demônio fora expulso, mas não desistiu de tentar me derrubar. Ele aparecia,
falava comigo, me ameaçava, conseguia me agredir fisicamente produzindo dores,
tentava fazer tratos, acordos, mas daí a me enganar de novo? Não! Jamais! Isso
não poderia aceitar, porém, a certeza dela me desconcertou, só me restava
buscar a face do Senhor e obter uma confirmação. Algumas pessoas, na incerteza
ou na dificuldade, correm de Deus, mas desde cedo aprendi a fazer justamente o
contrário e corri para Ele. Comecei a fazer outra campanha de jejum e oração.
Curioso como no inicio de nossa carreira cristã, temos facilidade para fazer
campanhas e buscar a Deus por coisas mínimas. O primeiro amor é uma coisa
fabulosa. Bom se todos nós pudéssemos sempre viver nesse primeiro amor indefinidamente,
pois é uma pena que muitos cristãos, deixam o primeiro amor, ficam endurecidos,
e tratam tudo como se fosse “criancice”.
Não demorou e veio a
resposta, no meio do circulo de oração das irmãs.
- Satanás se vestiu de anjo
de luz para enganar um dos meus escolhidos. – era a palavra profética daquela tarde.
A mensagem se repetiu
através de outros vasos. Deus falou por três irmãs com palavras diferentes a mesma
mensagem. As irmãs ficaram confusas, discutiam o fato buscando uma explicação
para uma palavra como aquela. Poderia até esclarecer, porém fiquei com
vergonha. É um duro golpe admitir que fui enganado como uma criança, pior ainda
era admitir que havia sido enganado de novo. Esse segredo iria ficar comigo por
um bom tempo. Envergonhado tive que assumir diante de minha noiva e futura
esposa que minha competência para enfrentar o Diabo e suas astúcias, ainda eram
pequenas. Minhas experiências com Deus também eram pequenas, tinha que admitir
que ainda era um neófito (novo convertido, novato) e ainda tinha muito que
aprender. Minha carreira cristã começou assim e até os dias de hoje vem sendo
um eterno confronto com os poderes das trevas, que em ataques sucessivos até
atrapalham meu caminhar, porém Jesus Cristo sempre fez intervenções que me possibilitam
afirmar, “até aqui o Senhor me ajudou”.
A Eunice é uma pessoa muito
experiente, espiritualmente falando. Quando “fui convertido”, ela já estava à
cerca de dezoito anos na presença do Senhor, fui obrigado a aceitar esse fato
desde o início. Com o tempo percebi que ela tem um dos melhores dons naturais e
uma das mais poderosas armas de Jesus Cristo, a capacidade ou porque não dizer,
dom de ouvir, que o livro dos provérbios de Salomão trabalha intensamente e que
eu tento assimilar com grande dificuldade. Desde cedo ela já ouvia sua mãe lhe
ensinando a esperar no Senhor pelo cônjuge certo e escolhido por Deus. Essa era
a circunstância fundamental na convicção que tinha, que um dia nos casaríamos e
esse foi o fato que lhe deu certeza, que mais uma vez o Diabo tentava nos
enredar em suas malhas tenebrosas. Graças a esse fato acontecido três anos
antes ela pode ter subsídio para afrontar com convicção, uma ação do inimigo de
nossas vidas, que veio para destruir lares, até mesmo no nascedouro.
O Diabo não poupava esforços para me destruir. Ele sabia de algo
que eu não sabia, era como se ele enxergasse o futuro e me via como um inimigo
em potencial. E seu propósito de me derrubar enquanto eu era um novato ficou
claro, muito claro. Porém eu lutaria com todas as minhas forças para não ceder
ante o avanço do inimigo. Isso não significa que não passei maus bocados em
suas mãos. Passei sim. Perdi inúmeras batalhas, porém o que importa não é
vencer a guerra? Se compararmos minha luta, a segunda grande guerra, os aliados
perderam em toda a Europa a principio, depois em Dunquerque, em seguida em
Pearl Harbour e todo o Pacífico, mas venceram a guerra, pois eu estava disposto
a vencer também por maior que fosse o preço a pagar.
Quantas bíblias rasguei,
quantas vezes blasfemei, quantas vezes caí, com a dor da perseguição, com a opressão
diária, com as manifestações sobrenaturais das trevas, com a raiva e a
impotência de não poder reagir contra os espíritos imundos, que me
atormentavam, me machucavam, me provocavam dores pelo corpo. Mesmo depois de
batizado com o Espírito Santo, quantas vezes fui agredido e derrotado. A
pressão do inimigo era intensa. Eu orava, jejuava, “comia a bíblia”, em três
anos fiz um curso, uma universidade espiritual na prática, aprendi muito.
Aprendi tanto, que após três anos de muita luta com o inimigo, dei uma aula na
escola dominical, e nunca mais parei de ensinar e pregar, porém foi um período
de muita luta, de desbravamento, de conquista do meu espaço, no mundo espiritual.
O batismo no Espírito Santo
foi fundamental. Após dois meses de conversão, sobre imensa pressão espiritual
do Diabo, decidi pelas escrituras que precisava ser batizado com o Espírito
Santo, para enfrentar toda aquela luta. Combinei com Jesus que iria orar e
jejuar todo o mês de julho na medida das possibilidades e de acordo com minhas
potencialidades, porém eu precisava ser batizado no Espírito Santo com
urgência, pois precisava ser revestido de poder para enfrentar as hostes
malignas, que não podiam mais me possuir, porém me oprimiam cotidianamente,
como se recusassem a perder aquela alma que mudara de rumo em sua conversão.
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