TESTEMUNHO - CAPÍTULO 6

DINHEIRO DEIXOU DE SER PROBLEMA

-E aí colega, como é que você está passando, tudo bem?

-Mais ou menos, porque pergunta?

-Você está com uma cara triste, está acontecendo alguma coisa?

- É que estou duro, liso, sem nada no bolso e fico frustrado quando fico nesta situação.

Eu devia mesmo estar com uma cara feia, pois sentei na calçada da Praia do Cruzeiro em Ubatuba e estava observando o movimento dos transeuntes, procurando uma distração que permitisse o tempo passar sem pensar em nada. De repente meu rosto se alegrou, pois recebi uma proposta inusitada.

-Vamos fazer um acordo, eu tenho dinheiro e você conhece a meninada, você entra com uma parte e eu entro com a outra. Pago toda a despesa, mas você me coloca em todas as oportunidades que aparecerem, em outras palavras você me apresenta as meninas. Que você acha, topa?

Era mais do que podia imaginar numa circunstância como aquela. Eu já comia e bebia de graça, com os grupos de pagode que participava, pois era de praxe chegar em algum lugar, tocar durante um tempo e parar aguardando que comida e bebida fossem oferecidas, para dar continuidade à música, mas esta era uma proposta inusitada, que supriria mais uma das fases negativas entre um pagamento e outro. Fechei o negócio com rapidez e de um salto nos colocamos a caminho da balada. Aquela noite foi uma noite de orgia tremenda e selou um novo tipo de compromisso, que me aprisionaria mais e mais em um estilo de vida inevitavelmente escravizante, pois concomitantemente passei a consumir mais bebida, mais drogas, a ficar noites sem dormir e a consumir tudo o que tinha em saúde, dinheiro e sensibilidade espiritual.

O que eu não podia calcular também é que existia todo um envolvimento das trevas para me prender a um estilo de vida, que jamais me daria à felicidade terrena ou celestial, pois não conhecia o amor em nenhum de seus aspectos, apenas sexo, orgias e prazer, quanto mais à vida eterna, que Deus reserva para os seus. Essa manobra maligna conseguiu me separar dos propósitos de meu pai, de tal maneira, que o dia em que eu soube da forma como ele me entregara ao Senhor Deus e Criador de todas as coisas, eu ri em sua face, achando que a possibilidade de tal fato acontecer era menor que zero. Nem eu mesmo poderia acreditar que um dia estaria prestando serviços a Jesus Cristo. Acredito que o Diabo se deliciava com minha escalada em sentido oposto a luz, porque Jesus afirmou que ele veio para roubar, matar e destruir, mas o fato é que Ele, Jesus, veio para desfazer as obras do Diabo, por isso em pouco tempo aconteceriam coisas que mudariam o curso dessa escalada e a trajetória de minha vida.

Deus tem esse poder. Não importa quão fundo um homem possa descer, sempre haverá uma saída, uma porta, uma válvula de escape: Jesus, que recebeu todo o poder no céu e na terra.

Tive uma infecção no duodeno por excessos (nessa época vomitava sangue pela boca), mas nada impedia que a situação continuasse no rumo que havia tomado, até que aos vinte e cinco anos, uma estranha solidão e um vazio terrível começaram a aparecer e a tomar conta da minha alma. Na época eu não podia entender, como um jovem como eu, que tinha todos os prazeres da carne a seu dispor, estava se sentindo só, com um vazio e uma estranha necessidade de alguma coisa, que nem sabia explicar o que? Não podia entender, como muita gente também não entende, que temos uma alma faminta, clamando pelo alimento espiritual para satisfazê-la, e sem esse alimento, que só Deus pode proporcionar, sempre estará incompleta. Muitas vidas, neste exato momento, estão vivendo uma fase semelhante, sem encontrar uma explicação plausível para satisfazer o intelecto, um vazio bizarro e sem explicação, uma falta de alguma coisa que não se sabe explicar, que leva o ser humano a buscar em aventuras, esportes radicais, bebidas, drogas, prazeres sexuais, a satisfação interior... E não atinge o objetivo desejado. Com certeza são vidas que precisam conhecer Cristo, precisam de uma experiência sobrenatural com Deus, precisam nascer de novo, daí então tudo estará resolvido.