domingo, 20 de maio de 2012

TESTEMUNHO - CAPÍTULO 7


CAPÍTULO 7

FALANDO COM DEUS

- Deus um dia estarei aí, esticado em um túmulo qualquer. E então o que virá depois? Céu ou inferno?

Madrugada, meio sonolento, os efeitos do álcool ainda se faziam sentir, parado, olhando os túmulos pelas frestas da porta, contando velas acesas, o corpo todo saciado da noite de orgias e um tremendo vazio, um estranho vazio, como se alguma coisa estivesse faltando... E longe, muito longe de Deus. Um Deus desconhecido, mas com certeza Criador de um mundo que não poderia existir por acaso, ou por uma fantasiosa evolução de uma natureza que nunca evolui, só retrocede.

O cemitério ficava na segunda rua paralela a praia do Cruzeiro, em Ubatuba, litoral norte do estado de São Paulo. Ali por incrível que possa parecer aconteceu nosso primeiro contato. A inexperiência quase infantil ficava latente nas palavras balbuciadas na fresta da porta.

Apesar de toda à distância eu sabia, e todo mundo sabe, que existe um criador e instintivamente acabamos nos voltando para Ele nos momentos de “fossa”.

Várias noites, muitas noites, a mesma pergunta, a mesma frase, a mesma oração, o mesmo vazio. Mesma situação, carne saciada, alimentada suprida e espírito e alma vazios, secos esturricados. Ainda que não entendesse, que não conseguisse explicar podia sentir, e, que sentimento horrível! Ele me fazia buscar mais e mais no material, algo que só havia no espiritual. Quantos buscam preencher essa falta, esse vazio, se afundam em uma sucessão de experiências que jamais resolverão o problema e conduzem as profundezas do abismo. Verdadeiramente é viver a beira de um abismo que chama outro abismo e afunda o ser humano em depressões que nenhuma droga pode suprir, seja legal ou ilegal.

Como poderia saber que toda criatura vive na expectação do dia que há de vir, do dia da transformação de simples criatura em filhos de Deus? (Rm 8.19-21). Como poderia saber que apesar de meu corpo estar saciado com o alimento diário e minha carne ter satisfeita seus desejos e concupiscências, meu espírito e minha alma estavam incompletos e clamava uma volta ao criador, um complemento que só podemos encontrar na palavra viva, Jesus Cristo? Como poderia eu saber que a morte espiritual, a separação ocorrida no Éden entre o homem e Deus, se refletia dentro de mim em uma guerra espiritual que tinha por palco meu coração e minha alma, e que somente um reencontro poderia resolver o problema do vazio que perturbava meu ser? Assim como eu, quantos não se lançam desenfreadamente em busca de aventuras e prazeres, com o intuito de preencher o vazio, que não tem origem nem fim no mundo material.

- Deus... Supondo que a Bíblia seja um livro real e verdadeiro... Supondo que o céu e o inferno realmente existam de fato... Supondo que Jesus Cristo seja realmente seu filho e que tudo que meu pai prega seja a verdade, então meu futuro está negativamente comprometido e meu destino será o inferno. Mas Deus!... Quem aceitaria de bom grado uma perspectiva dessas? Por isso Deus, quero lhe fazer um pedido... Se tudo isto realmente for real, se a Bíblia é expressão da tua palavra, se Jesus Cristo realmente é seu filho e se meu pai está certo em tudo o que me fala, dê-me uma chance!...

Normalmente falamos e pedimos coisas da “boca pra fora” e logo esquecemos, mas naqueles momentos minha conversa era séria, tanto é que ficou marcada em minha lembrança e trouxe uma resposta de Deus. Quando Ele me respondeu foi uma surpresa inesquecível, pois afinal de contas à resposta vinha do Deus Todo Poderoso, criador de todas as coisas. Esse grande Deus respondendo o questionamento de um pobre e miserável pecador, é lógico, é uma graça imerecida. É realmente incrível, mas é a mais pura verdade. Ele realmente ouve e responde o clamor de um necessitado e cumpre as escrituras onde está escrito: “Pelo que eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; pois todo o que pede, recebe; e quem busca acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á”. (Lc 11.9,10). Nesse aspecto Deus na pessoa de Jesus Cristo é simplesmente fantástico e se por ventura você ainda não experimentou receber uma resposta de Deus a seus anseios, está na hora de começar porque sou uma testemunha viva de que ele cumpre as coisas que promete.

“Carneirinho” era o nome de nosso barco de pesca, uma sociedade entre eu e meu irmão. Nas férias eu praticamente mudava de cidade, saia de Caraguatatuba e ficava em minha cidade natal ajudando a pescar e a vender o produto de nosso trabalho e faturava um dinheirinho extra, que somado ao dinheiro ganho como professor da rede pública de ensino, financiavam minha vida de “boy de beira de praia” e boêmio. Não fora aquele vazio interior, com certeza poderia afirmar que eu era o mais feliz de todos os rapazes do litoral de São Paulo, pois tinha tudo o que necessitava para seguir em frente e continuar todos os prazeres que este mundo oferece, porém esse era um problema que se agravava com o tempo, pois a busca de uma solução, normalmente conduz o ser humano para um baixo astral progressivo. Quando estava em minha cidade, gostava de ficar na casa de minha irmã Ione, que era crente, porém não ficava me pressionando por minha vida desregrada. Foi ali que as coisas começaram a acontecer. Ali praticamente aconteceu minha primeira experiência com Deus de forma sobrenatural, experiência esta, que despertou minha atenção para um ser que conhecia de ouvir falar, mas que a partir daquele momento, através de sua infinita misericórdia apresentava uma chance de ouro, muito embora uma oportunidade carregada de um nível de dificuldade acentuada, mas que de uma forma ou de outra, me conduziria através de um caminho cheio de espinhos, como nunca tinha imaginado passar, mas que uma vez descoberto permitiu que esse pobre e miserável pecador alcançasse a graça imerecida da salvação eterna em Cristo.

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