RECEBENDO A RESPOSTA
- A irmã Cássia vem orar em
casa e eu gostaria que você participasse da oração.
- Eu? Que é isso baby está
me estranhando, é?
- Sim você. Ela é muito
usada por Deus e Deus pode usá-la como um instrumento para falar com você.
- Deus falar comigo? Usando
essa irmã? Ione você pirou? Uma mulher adulta vacinada, mãe de filhos como você
acreditar numa charlatanice dessas.
- Não
fale assim, ela é uma mulher de Deus.
- Isto é enganação,
“papagaiada”, charlatanice... Quer ver... Quanto ela cobra pelo serviço?
-
Nada.
- Nada?!!!... Que é
isso!!!... Que “charlatã” mais barata essa... – Brinquei - Estranho... Tudo bem
quero ver qual é a dela!
-
Combinado. Quando ela chegar eu te chamo.
Minha irmã saiu contente, pois
havia conseguido me convencer a participar de um momento em que ela acreditava
ser propício a minha conversão, momento esse que na verdade estava sendo
preparado por Deus como uma resposta a todas as minhas petições nas madrugadas,
diante da porta do cemitério, mas que ainda não tinha ciência, devido minha
acentuada incredulidade.
A mulher chegou. Era idosa,
vestida discretamente, simples, porém aparentava ter uma personalidade marcante.
Eu estava curioso. Observava todos os seus movimentos. Sua entrada, suas vestes
simples, suas palavras, sua oração de joelho na sala da casa de minha irmã, com
todos ajoelhados em círculo. Observava de perto, com os olhos bem abertos,
estava interessado em descobrir suas falhas, seus erros, de repente... Aquela
linguagem esquisita, estranha, muito estranha... Minha irmã havia comentado
alguma coisa a respeito... Parecia até de verdade... Se eu não achasse aquilo impossível
até acreditaria porque era tão fluente... Incrivelmente fluente. Não era língua
alemã, russa, espanhola, japonesa, francesa ou qualquer outra língua conhecida.
Tentei imita-la ou tentar imaginar como aquela Senhora conseguia falar aquele
dialeto tão fluentemente e não conseguia. Percebi que ela falava um pouco
naquela língua estranha e um pouco em nossa língua, como se estivesse
traduzindo e transmitindo uma mensagem a alguém, porém não me preocupava com o
conteúdo da mensagem, pois aquela forma inédita de oração, que não tinha
presenciado até aquele momento, despertava minha total atenção, em outras
palavras a parte mais importante de uma interpretação de línguas ou profecia, é
a tradução que traz ciência ao intelecto humano de um fragmento do conhecimento
divino, mas o que realmente me atraía nesse episodio eram as línguas estranhas,
pois nunca havia presenciado algo parecido.
Estava tão absorto em minha
observação que levei um susto quando a irmã que orava apontou o dedo indicador
diante de meu rosto. Mais surpreso fiquei quando após uma rajada daquela língua
estranha, ouvi a frase:
- Você não acredita em mim –
falava de forma impositiva, alta, forte, até parecia que não procedia dela.
-
Acredito sim! – pensei instintivamente.
- Você
não acredita! – agora a imposição era quase um grito.
Confesso que além de
surpreso, agora estava um pouco assustado e me defendia um pouco acuado, com
uma frase interior, que eu mesmo sabia não ser verdadeira.
- Eu
acredito! – pensei de novo.
- VOCÊ NÃO ACREDITA!!!! – agora
era um grito, impositivo poderoso e irritante. Apesar de tudo minha capacidade
de reação estava totalmente tolhida pela surpresa, pois a irmã nem ao menos se
dignou em levantar a cabeça e olhar-me. Eu estava perplexo, incapaz de reagir,
discutir ou até mesmo retrucar a altura.
- Se você acha que não acredito
então não acredito, ora bolas! – continuei pensando, agora timidamente.
- Faça
uma prova com o Senhor teu Deus.
Nesse ínterim eu já estava
preocupado demais com tudo aquilo porque nós estávamos conversando e mantendo
um diálogo, porém eu não abria a minha
boca e as respostas ou afirmações aconteciam de forma tal, que parecia que
aquela senhora lia meu pensamento[1].
- Você ainda vai ser um crente
que vai andar falando sozinho no meio da rua!
Essa foi uma das ultimas frases
que eu me lembro de ter ouvido em meio a um diálogo totalmente sobrenatural,
que me deixou embasbacado. Estava ainda aturdido, tentando me recuperar daquele
episódio completamente inesperado de minha vida, quando ouvi a Irmã Cássia de
saída dizer:
-
Porque você não faz uma prova com Deus?
“Prova com Deus”. Aquelas
palavras martelariam meu cérebro durante um bom tempo, principalmente depois de
tudo e da forma como aconteceu, minha curiosidade ficou aguçada, em conhecer um
Deus que podia conversar lendo o pensamento, como havia acontecido comigo. Sim,
certamente eu faria uma prova com Deus, só precisava imaginar como, quando, e
onde, e com certeza iria conferir e viver um pouco mais daquele sobrenatural
que eu havia experimentado.
Algum tempo depois, já
resolvido a fazer uma prova com Deus, contei minhas intenções a minha irmã, que
passou a acompanhar de perto minhas aventuras espirituais. Ela reagiu bastante
espantada e surpresa a proposta que eu havia idealizado e faria ao Senhor.
- Você é louco! Não é
possível que você queira fazer uma coisa dessas – disse ela preocupadíssima.
- Vou sim... Preciso ter
certeza.
- Não faça isso! É uma
loucura!
Mas eu estava decidido, ia
fazer sim, fazer uma prova com Deus que deixasse claro uma intervenção sobrenatural
da parte Dele, daí então, com convicção da real presença divina em minha vida,
com certeza eu largaria de tudo para servi-lo, ai sim, eu estava disposto não
só a me subordinar a sua vontade, mas também a ser um serviçal, um servo por
amor.
[1] Não tinha idéia na época que a bíblia já
previa acontecimentos como esses: “Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e
todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura
que estais loucos? Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel
entrar, de todos é convencido, de todos é julgado. Portanto, os segredos do seu
coração ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a
Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós”. I Co 14.23 – 25.
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