segunda-feira, 21 de maio de 2012

TESTEMUNHO - CAPÍTULO 8


RECEBENDO A RESPOSTA

- A irmã Cássia vem orar em casa e eu gostaria que você participasse da oração.

- Eu? Que é isso baby está me estranhando, é?

- Sim você. Ela é muito usada por Deus e Deus pode usá-la como um instrumento para falar com você.

- Deus falar comigo? Usando essa irmã? Ione você pirou? Uma mulher adulta vacinada, mãe de filhos como você acreditar numa charlatanice dessas.

- Não fale assim, ela é uma mulher de Deus.

- Isto é enganação, “papagaiada”, charlatanice... Quer ver... Quanto ela cobra pelo serviço?

- Nada.

- Nada?!!!... Que é isso!!!... Que “charlatã” mais barata essa... – Brinquei - Estranho... Tudo bem quero ver qual é a dela!

- Combinado. Quando ela chegar eu te chamo.

Minha irmã saiu contente, pois havia conseguido me convencer a participar de um momento em que ela acreditava ser propício a minha conversão, momento esse que na verdade estava sendo preparado por Deus como uma resposta a todas as minhas petições nas madrugadas, diante da porta do cemitério, mas que ainda não tinha ciência, devido minha acentuada incredulidade.

A mulher chegou. Era idosa, vestida discretamente, simples, porém aparentava ter uma personalidade marcante. Eu estava curioso. Observava todos os seus movimentos. Sua entrada, suas vestes simples, suas palavras, sua oração de joelho na sala da casa de minha irmã, com todos ajoelhados em círculo. Observava de perto, com os olhos bem abertos, estava interessado em descobrir suas falhas, seus erros, de repente... Aquela linguagem esquisita, estranha, muito estranha... Minha irmã havia comentado alguma coisa a respeito... Parecia até de verdade... Se eu não achasse aquilo impossível até acreditaria porque era tão fluente... Incrivelmente fluente. Não era língua alemã, russa, espanhola, japonesa, francesa ou qualquer outra língua conhecida. Tentei imita-la ou tentar imaginar como aquela Senhora conseguia falar aquele dialeto tão fluentemente e não conseguia. Percebi que ela falava um pouco naquela língua estranha e um pouco em nossa língua, como se estivesse traduzindo e transmitindo uma mensagem a alguém, porém não me preocupava com o conteúdo da mensagem, pois aquela forma inédita de oração, que não tinha presenciado até aquele momento, despertava minha total atenção, em outras palavras a parte mais importante de uma interpretação de línguas ou profecia, é a tradução que traz ciência ao intelecto humano de um fragmento do conhecimento divino, mas o que realmente me atraía nesse episodio eram as línguas estranhas, pois nunca havia presenciado algo parecido.

Estava tão absorto em minha observação que levei um susto quando a irmã que orava apontou o dedo indicador diante de meu rosto. Mais surpreso fiquei quando após uma rajada daquela língua estranha, ouvi a frase:

- Você não acredita em mim – falava de forma impositiva, alta, forte, até parecia que não procedia dela.

- Acredito sim! – pensei instintivamente.

- Você não acredita! – agora a imposição era quase um grito.

Confesso que além de surpreso, agora estava um pouco assustado e me defendia um pouco acuado, com uma frase interior, que eu mesmo sabia não ser verdadeira.

- Eu acredito! – pensei de novo.

- VOCÊ NÃO ACREDITA!!!! – agora era um grito, impositivo poderoso e irritante. Apesar de tudo minha capacidade de reação estava totalmente tolhida pela surpresa, pois a irmã nem ao menos se dignou em levantar a cabeça e olhar-me. Eu estava perplexo, incapaz de reagir, discutir ou até mesmo retrucar a altura.

- Se você acha que não acredito então não acredito, ora bolas! – continuei pensando, agora timidamente.

- Faça uma prova com o Senhor teu Deus.

Nesse ínterim eu já estava preocupado demais com tudo aquilo porque nós estávamos conversando e mantendo um diálogo, porém eu não abria a minha boca e as respostas ou afirmações aconteciam de forma tal, que parecia que aquela senhora lia meu pensamento[1].

- Você ainda vai ser um crente que vai andar falando sozinho no meio da rua!

Essa foi uma das ultimas frases que eu me lembro de ter ouvido em meio a um diálogo totalmente sobrenatural, que me deixou embasbacado. Estava ainda aturdido, tentando me recuperar daquele episódio completamente inesperado de minha vida, quando ouvi a Irmã Cássia de saída dizer:

- Porque você não faz uma prova com Deus?

“Prova com Deus”. Aquelas palavras martelariam meu cérebro durante um bom tempo, principalmente depois de tudo e da forma como aconteceu, minha curiosidade ficou aguçada, em conhecer um Deus que podia conversar lendo o pensamento, como havia acontecido comigo. Sim, certamente eu faria uma prova com Deus, só precisava imaginar como, quando, e onde, e com certeza iria conferir e viver um pouco mais daquele sobrenatural que eu havia experimentado.

Algum tempo depois, já resolvido a fazer uma prova com Deus, contei minhas intenções a minha irmã, que passou a acompanhar de perto minhas aventuras espirituais. Ela reagiu bastante espantada e surpresa a proposta que eu havia idealizado e faria ao Senhor.

- Você é louco! Não é possível que você queira fazer uma coisa dessas – disse ela preocupadíssima.

- Vou sim... Preciso ter certeza.

- Não faça isso! É uma loucura!

Mas eu estava decidido, ia fazer sim, fazer uma prova com Deus que deixasse claro uma intervenção sobrenatural da parte Dele, daí então, com convicção da real presença divina em minha vida, com certeza eu largaria de tudo para servi-lo, ai sim, eu estava disposto não só a me subordinar a sua vontade, mas também a ser um serviçal, um servo por amor.



[1] Não tinha idéia na época que a bíblia já previa acontecimentos como esses: “Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos? Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado. Portanto, os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós”. I Co 14.23 – 25.

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