sábado, 2 de junho de 2012

TESTEMUNHO - CAPÍTULO 18


            CAPÍTULO 18


            AMPLIANDO OS HORIZONTES


-         Meu servo, te trouxe aqui para pregar minha palavra.

O vaso usado levantou para entregar a mensagem.

“Até ai tudo bem senhor” – Pensei – “Mas a mensagem que o Senhor me deu é muito dura. Além disso, os líderes dessa igreja estão todos aqui, estou intimidado”. Não era a primeira vez que conversávamos sem que eu abrisse a boca.

- A palavra é essa mesma que coloquei em vosso coração. Pregue-a.

Imediatamente lembrei-me do versículo chave da mensagem que deveria transmitir: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Ap 3.15, 16”. Era uma exortação pesada e confesso que não estava bem à vontade para pregar mensagem tão dura em meio a uma festa espiritual com toda a cúpula da igreja local ali presente. Sei que recebi do Senhor, certa facilidade para entender as escrituras, sei que recebo revelações de mistérios bíblicos de forma sobrenatural, sei que sou um autodidata do ponto de vista espiritual, mas nunca fiz um curso bíblico básico ou avançado, por que optei por evangelizar e ganhar almas durante todo o tempo disponível, mas em determinados momentos como esse, Deus me põe a prova e certa preocupação por vir de “escola teológica diferente” sempre vem à tona.

- Observe minhas ovelhinhas! A mensagem profética continuava – Estão com a boca aberta aguardando a comida espiritual que você vai servir.

Dei uma olhada na platéia, todos estavam atentos, boquiabertos, com a curiosidade despertada pela profecia, que acontecia publicamente, justamente no momento em que cheguei ao púlpito. Não tive dúvidas. “Ok, vai ser esta mesma, Senhor”. Abri a Bíblia e preguei com muito gosto. Volta e meia imaginava: “Se tiver que ser a primeira e a última mensagem nessa igreja, ao menos vou agradar ao Senhor com quem tenho um compromisso”. E preguei com volúpia. Em dado momento o povo começou a glorificar e a glória de Deus tomou conta do lugar. Fiquei perplexo, quanto mais chicoteava, maior era o avivamento. Sentia-me como um jogador de futebol que batia primeiro e perguntava depois, mais o resultado estava sendo o oposto daquele que imaginara, pois acontecia diante de meus olhos um culto com muito fogo, palavra e poder de Deus. Fiquei satisfeito, alma lavada, o que eu acreditava ser um grande fracasso redundou em uma grande vitória. Quando me convidaram para participar da reunião de obreiros na sede daquela igreja Assembléia de Deus, aceitei. Aliás, quando fico embriagado com a glória de Deus, topo qualquer coisa.

Na reunião, estava acompanhado do Pastor Adalton (Pastor da cidade de São José dos Campos), irmão de fé e grande amigo. Em certo momento o Pastor Presidente (Benício) me reconheceu da pregação do dia anterior, me apresentou a todos os pastores presentes, avalizou a mensagem pregada na noite anterior, incentivando aqueles que estivessem interessados em trazer um pregador para ministrar nas festas de sua comunidade. Foi uma repercussão incrível, recebi tantos convites que enchi uma agenda de praticamente um ano sem folgas. Saí daquela reunião bastante preocupada, pois a proporção de trabalho criado em um só dia foi tanta, que não me sentia capaz de realizar.

Realmente minha preocupação tinha fundamento. Preguei desesperadamente um ano inteiro, subindo a Serra do Mar todos os fins de semana em direção à cidade vizinha de São José dos Campos. Fiquei doente no decorrer do período. Fui repreendido por minha esposa, por ter de viajar todos os fins de semana e ainda por cima tive problemas com minha liderança local, por não ficar nenhum fim de semana em meu próprio local de trabalho. Minha ingenuidade foi tanta que nem ao menos para a família tinha deixado espaço, quanto mais para a igreja local. Todos reclamaram com razão e mesmo assim cumpri a agenda até o fim.

Aprender a organizar uma agenda de forma a contemporizar todos os ângulos da questão de trabalho, família, igreja local e até mesmo um recreio pessoal teria que ser meu objetivo a partir daquele momento e realmente a partir dali comecei a planejar e executar meu trabalho de forma mais organizada. Conversei seriamente com Jesus a respeito (devido ao concerto estabelecido desde o princípio) e passei a desenvolver uma agenda que resolvesse problemas dessa natureza.

Agora também meu espaço de trabalho havia se ampliado, fui trabalhando e ficando conhecido não só em minha cidade, mas em todo o litoral norte do estado de São Paulo e também nas regiões do Vale do Paraíba[1].  Com a ampliação do espaço, houve também a ampliação do volume de trabalho e nestes trinta anos levando o evangelho de Cristo, nunca faltou oportunidade de cumprir minha parte do acordo estabelecido no momento de minha conversão. Com certeza as promessas feitas por Deus iam mais longe e nem tudo o que foi prometido se cumpriu até o presente momento.

Hoje minha agenda é distribuída de forma a atender todos os ângulos de minha vida profissional (pois não vivo do evangelho), religiosa, familiar e pessoal e acredito poder cumprir minha parte do acordo com determinação e bons resultados até o momento que o Senhor Jesus Cristo decidir que está concluída minha parte e encerrar com chave de ouro, aguardando até mesmo algum tipo de galardão conforme as promessas bíblicas.



[1] Curiosamente em alguns lugares me conhecem por apelido, irmão Tico, em outros lugares Evangelista João Teófilo, e em outros Evangelista João Xavier.

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